quarta-feira, 7 de setembro de 2011

O MENDIGO COM UMA ESPINGARDA (HOBO WITH A SHOTGUN)

Ano de Produção: 2011
Diretor: Jason Eisener
Roteiristas: John Davies, Jason Eisener e Rob Cotterill

Atores Principais:

Rutger Hauer – Hobo
Brian Downey – Drake
Molly Dunsworth – Abby
Gregory Smith – Slick
Nick Bateman – Ivan
Pasha Ebrahimi – Bumfight Filmmaker
Rob Wells – Logan
Jeremy Akerman – Chief of Police

Tal como “Machete”, esse é mais um filme no estilo Grindhouse, baseado num falso trailer criado por Quentin Tarantino e Robert Rodriguez, o qual antecede “Planeta Terror” e “À Prova de Morte”.

Certamente eu não sou o melhor para julgar “Hobo with a Shotgun”. Confesso que acho o subgênero Grindhouse uma merda. Não sei qual é a graça de se assistir um filme de péssima qualidade, com personagens gratuitamente horrendos, roteiro clichê de vingança e cenas de violência absurdamente exageradas. E não é porque eu não curto violência no cinema. Porra, já vi todos os filmes do próprio Tarantino dezenas de vezes, adoro filme de terror com gente morrendo a cada cinco minutos e, inclusive, sou fã do cinema de impacto europeu, o qual gerou títulos que deixaram muita gente passando mal, tais como “Professora de Piano”, “Violência Gratuita”, “Irreversível”, “Anticristo”, etc. A violência em “Hobo with a Shotgun” não é chocante, até porque tem como objetivo principal entreter a platéia. O clima é definitivamente de brincadeira, o filme nunca se leva a sério. A meu ver, é sua única qualidade.

No entanto, não consigo ver entretenimento em lugar nenhum nesse filme. Duas cenas, por exemplo. A primeira mostra dois vilões, Slick e Ivan, filhos do vilão principal, Drake, cometendo um ato hediondo. Hobo tinha recentemente começado a “limpeza” dos criminosos da cidade com sua shotgun. A população começa a acreditar que o crime organizado não é mais tão imbatível. Então, Drake insta a seus filhos a cometer uma atrocidade terrível a fim de chantagear o povo no seguinte sentido: “ou vocês caçam e matam o Hobo, ou a tal atrocidade irá se repetir.” O que os irmãos fazem? Eles tacam fogo num ônibus escolar e várias crianças são incineradas vivas. Para quê tudo isso? Sinceramente, é possível rir nessa cena? Não é igual a Uma Thurman decapitando um ninja e aí rios de sangue esguicham de seu pescoço. Isso é engraçado; não sei explicar por que.

A outra cena acontece quando outro vilão do filme, um cineasta sádico com uma câmera na mão, oferece ao Hobo vinte dólares para ele comer vidro. Aí, ele aceita e mastiga os cacos, em close para a câmera. Não entendi porque Hobo se permitiu essa humilhação torturante, tendo em vista que já estava puto o suficiente para começar a sua carnificina, não precisava ficar mais puto ainda. É uma cena gratuita mesmo, até dentro do próprio roteiro.

Não sou contra o gore pelo gore. Nem todo gore tem que ter utilidade. Mas a tradição desses filmes explorava um lado mais cômico, mais ingênuo, tipo “Evil Dead”, “A Fome Animal”, os filmes de mortos-vivos, etc. Criancinhas morrendo queimadas e comer vidro por vinte dólares é decadente demais para ser mero entretenimento.

Não só essas duas cenas, há outras tão terríveis quanto. Na verdade, o filme como um todo tem um clima pesadão. Parece que todo mundo na cidade é fodido, pobre e infeliz; o chefe de polícia é tão escroto quanto o vilão principal; tem o cineasta sádico, acima citado; há também a figura de um pedófilo vestido de Papai Noel; o Drake tem umas putas que ficam dando porrada nos clientes até eles virarem polpa; tem o The Plague – dois demônios vestidos com uma armadura, cuja única função é matar todo mundo que estiver pela frente até capturar o nosso mendigo justiceiro; o próprio Hobo é meio malucão, mendigo mesmo, que às vezes não fala nada com nada. Ninguém tem o mínimo de carisma, ninguém é minimamente identificável. Todos os personagens são escrotaços, sem exceções.

Depois de ter assistido o filme, fiquei nauseado, quase doente. Até pensei em ver uma comédia romântica para rebater a podridão que ficou instalada em mim por umas duas horas após o término da sessão. Mas não, não cheguei a tanto. Preferi jogar vídeo game.

Convido os fãs desse filme, especialmente o meu grande amigo e blog designer, Felipe Sobreiro, a discordar e me mostrar como esse tipo de subgênero deve ser apreciado. Admito que a alta porcentagem de aprovação (67%) de “Hobo with a Shotgun” no site www.rottentomatoes.com me deixou curioso para saber como os críticos conseguiram gostar tanto desse filme. O que será que eles viram?

Menção: H

Link no imdb.

4 comentários:

  1. Esse filme não é para todos, isso é certo.

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  2. Vc6 num gostaram do filme pq ñ estão acostumados a refletir, o filme é uma crítica social ao q pode acontecer algum dia através do gênero "grindhouse", q é o pós- trash

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  3. Esse filme não é pra geração Nutela que está acostumada com filmes de lacração e lgbt

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