quarta-feira, 31 de agosto de 2011

MINIREVIEW – TROLLHUNTER (TROLLJEGEREN)

Year: 2010
Director: André Ovredal
Screenwriters: André Ovredal and Havard S. Johansen

Main Cast:

Otto Jespersen – Hans, the Trollhunter
Glenn Erland Tosterud – Thomas
Johanna Murck – Johanna
Tomas Alf Larsen – Kalle
Urmila Berg-Domaas – Malica
Hans Morten Hansen – Finn Haugen


The Blair Witch Project
Cloverfield
The Stunning Norwegian Landscape
Rabies
U.V. Lights
Beautifully Designed Fucking TROLLS!














Grade: A

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segunda-feira, 29 de agosto de 2011

SEM MEDO DE VIVER (FEARLESS)

Ano de Produção: 1993
Diretor: Peter Weir
Roteirista: Rafael Yglesias

Atores Principais:

Jeff Bridges – Max Klein
Rosie Perez – Carla Rodrigo
Isabella Rossellini – Laura Klein
John Turturro – Dr. Bill Perlman
Tom Hulce – Brillstein
Benicio del Toro – Manny Rodrigo

Quando fiz a lista dos meus 100 filmes favoritos, percebi um número impressionante de filmes produzidos nos anos 90. Rapidamente entendi o porquê: a minha paixão pelo cinema começou na adolescência, mais especificamente em 92, 93, quando tinha 13, 14 anos. “Sem medo de viver” é um desses filmes do início da década que me marcou muito, mesmo estando esquecido nas prateleiras das locadoras em 2011.

Seu tema é dos mais fascinantes: Medo. O filme propõe o seguinte: o que aconteceria a um homem se ele perdesse todos os seus medos? Como um homem sem medo viveria? Max Klein começa o filme apavorado dentro de um avião que, por conta de uma falha hidráulica, precisa realizar um pouso forçado num milharal. A verdade é que a aeronave está caindo e as chances de sobrevivência são remotas. Durante a descida vertiginosa, enquanto todos os passageiros estão em pânico, Max tem uma visão. Ele literalmente vê uma luz no fim do túnel e vislumbra sua morte iminente e é a consciência de que está à beira do abismo que o permite se libertar de seus medos. Max experimenta uma sensação inédita – a serenidade absoluta, ou, por outro lado, a ausência de ansiedade. Após salvar alguns dos sobreviventes, os guiando para fora do avião em pedaços, prestes a explodir, Max pega um taxi para um hotel, como se nada tivesse acontecido. Toma banho e se depara com seu reflexo no espelho. Ele diz: “Não estou morto”. Na realidade, ele está pensando: “Sou invencível.”

Esse sentimento de invulnerabilidade torna-se uma verdadeira droga para Max. Ele está viciado em não sentir medo, em constante “natural high”, e isso muda completamente sua maneira de se relacionar com o mundo, tanto para melhor quanto para pior. Por um lado, Max percebe a Beleza da Vida com mais acuidade (como ele mesmo diz em certo momento do filme). Por outro, ele se distancia de sua família e amigos, pois sua empatia fica totalmente centrada em pessoas que estavam no avião, em especial uma mulher terrivelmente traumatizada. Carla perde seu filho neném porque não consegue segurá-lo em seu colo no momento do impacto. Ambos se conhecem e rapidamente criam um laço amoroso, fraternal. Carla tem em Max o seu anjo da guarda e Max aceita e abraça o seu novo papel, o que acarreta algumas conseqüências negativas para o seu casamento. Como ele está incapaz de sentir medo, Max não consegue mais mentir e acaba sendo cruel com sua família. Em uma cena cortante, ele diz a sua esposa: “Depois de ter conhecido Carla, eu sinto um sentimento gigantesco de amor por ela”.

Max percebe que viver sem medo é experimentar a morte. Em vários momentos, ele diz a Carla: “Nós somos fantasmas. Nada pode nos machucar. Nós vencemos a morte.” O ponto é: se o homem supera seu maior medo – o medo da morte – os outros medos são bobagem. Max está convencido de que morreu e Deus o esqueceu na Terra, ainda vivo. Deve ser realmente uma sensação extraordinária, a superação do destino mais inexorável, o fim. O que se faz depois do fim? A única coisa da qual Max tem certeza é o fato de que sua nova “vida” é maravilhosa e ele precisa compartilhá-la, seja como um anjo da guarda ou como herói, não importa. Uma cena fantástica acontece quando Max se senta ao lado de um garoto que viajava sozinho no avião. Enquanto o avião se despenca quase em queda livre, ele segura a mão do menino e o reconforta. Não me lembro de outra cena, em qualquer outro filme, que retratasse tão bem o quanto é bom ter alguém para te dar segurança nos momentos onde tudo parece estar perdido. Realmente, segurar a mão de alguém numa situação difícil e dizer que tudo vai dar certo é um ato de heroísmo.

No entanto, mais do que mostrar ao espectador que viver com o medo é nocivo e paralisante, a mensagem do filme acaba sendo exatamente o contrário: viver é sentir medo. O medo é humano. É essa opção final de Max. Ele finalmente percebe que só terá sua família de volta se ele voltar a viver, ou melhor, se ele voltar a sentir medo. O ideal torna-se abraçar o medo ao invés de tentar destruí-lo ou esperar que ele desapareça, porque ele é parte integrante e inseparável de nós mesmos. Se os seus medos desaparecem, você também desaparece, assim como aconteceu com o nosso herói. Nem a sua esposa o reconhecia mais.

Curiosidades do filme: 1) a única grande atuação de Rosie Perez, atriz novaiorquina, de descendência porto-riquenha, dona da voz mais esganiçada de todos os tempos; inclusive, é interessante o contraste de elegância numa cena entre ela e a estupenda Isabella Rossellini; 2) primeiro papel expressivo de Benicio Del Toro, ainda desconhecido na época e 3) a não ser em filmes de Woody Allen, poucas vezes vi um terapeuta – personagem de John Turturro – ser tão bem criticado e satirizado na história do cinema. Coitado, o cara chega a levar um tapa na cara. Com razão.

Menção: F

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sexta-feira, 26 de agosto de 2011

SUCKER PUNCH – MUNDO SURREAL

Ano de Produção: 2011
Diretor: Zack Snyder
Roteiristas: Zack Snyder e Steve Shibuya

Atores Principais:

Emily Browning – Baby Doll
Abbie Cornish – Sweet Pea
Jena Malone – Rocket
Vanessa Hudgens – Blondie
Jamie Chung – Amber
Oscar Isaac – Blue
Carla Gugino – Dra. Vera Gorski
Scott Glenn – Wise Man

O segredo de assistir “Sucker Punch” e se divertir pelo menos um pouquinho é apertar o botão play sem nenhuma expectativa. Eu havia lido tantas críticas negativas a seu respeito que até considerei nunca ver esse filme. Decidi, mesmo assim, dar uma chance ao Zack Snyder que, até então, não tinha feito nenhuma bomba. Nessas condições, e já sabendo que o filme foi pensado para o público adolescente, até que achei divertidinho.

As qualidades do filme se concentram em sua maior parte no seu visual, que, admito, é fantástico. As cenas de combate, por exemplo, são belíssimas. Produto da imaginação de uma menina de 20 anos, temos de tudo – samurais gigantes, robôs, nazistas, aviões bimotores, trens, dragões, castelos, desertos, neve, orcs (os monstros-soldados de Senhor dos Anéis); enfim, todos esses aspectos cenográficos são muito bem elaborados e bem utilizados. De fato, é muito empolgante ver meninas lindinhas, gracinhas, vestidas com lingerie de cabaré mandando bala e cortando cabeças com espadas indestrutíveis, especialmente para o jovem espectador, com os hormônios a toda. Surpreendentemente, apesar de toda essa mistura hiperbólica de elementos pop da modernidade, a história apresenta um mínimo de coerência, ou seja, o filme não é uma completa bagunça, mas se aproxima perigosamente do caos e da hiperatividade – características típicas do seu público-alvo.

No entanto, “Sucker Punch” é repleto de contradições. Listo-as:

A protagonista, uma jovem menina que acaba de perder a mãe e a irmã, sofre tentativa de estupro pelo padrasto e é internada num hospício do inferno. Como fuga de sua situação aterrorizante, ela vive o seguinte cenário em sua imaginação: o sanatório é um bordel, o psiquiatra responsável é o cafetão, a médica-assistente é a puta velha e maternal e ela e suas colegas são as “vedetes”, as dançarinas “exóticas”. As danças talvez representem as sessões terapêuticas, pois é como se os pacientes (dançarinas/stripteasers) estivessem se expondo aos seus analistas (cafetões e clientes). Todas as figuras masculinas são baixas, repelentes, execráveis. O cafetão, o cozinheiro, o prefeito, todos sádicos e pervertidos. Por isso, as meninas odeiam cada segundo de seus dias. Aí vem a pergunta: por que, em sua imaginação, onde tudo é possível, ela simplesmente substitui um ambiente terrível por outro, análogo?

A única possível resposta que me vem à mente seria: porque um bordel é o cenário perfeito para vestir as meninas de lingerie, fazê-las dançar, seduzir e, assim, tornar o filme mais sexy. O problema é que essa justificativa não faz sentido, porque “Sucker Punch” NÃO é sexy, nem para garotinhos de treze anos. Primeiro, porque não há cenas de sexo, de nudez e tampouco de dança erótica. O diretor ficou com medinho dessa vez. Pau azul em “Watchmen” pode, mas nem um peitinho sequer aparece em “Sucker Punch”, nem de relance. Segundo, a não ser para os sádicos, como é possível ter tesão de mulheres que são maltratadas, abusadas e até assassinadas o filme inteiro? O único papel dos homens nesse filme é infligir dor às mulheres. Como se sente tesão assim? Baby Doll, a protagonista, odeia tanto a sua situação que, quando dança, ela precisa fugir para outro nível de sua imaginação, no qual se desenrola todas as batalhas do filme (contra os samurais, orcs, dragões, etc.). Dançar sexy é na verdade uma luta interior, não para seduzir o homem, mas para destruí-lo.

O final é horroroso. O filme muda para um tom sério, melodramático e deixa vários pontos da história não resolvidos. O foco muda para um personagem secundário, do qual conhecemos muito pouco. Aliás, honestamente, conhecemos pouco de todos os personagens, inclusive a protagonista. São apenas diagramas simples do que é um ser humano.

Sejamos justos, Zack Snyder escapou por pouco de ter feito uma bomba total dessa vez. Ok, a película é impressionante visualmente, toda a ação se desenrola com base numa linha mestra de coesão – a fuga do hospício – mas tais qualidades não compensam as distorções do roteiro e seus personagens de papelão. Só espero que Zack Snyder não acabe se transformando no novo Shyamalan. Aguardo o seu próximo filme com um certo pé atrás.

Menção: M

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quinta-feira, 25 de agosto de 2011

TUBARÃO (JAWS)

Ano de Produção: 1975
Diretor: Steven Spielberg

Roteiristas: Peter Benchley e Carl Gottlieb


Atores Principais:


Roy Scheider – Chief Martin Brody

Richard Dreyfuss – Matt Hooper

Robert Shaw – Sam Quint

Lorraine Gary – Ellen Brody
Murray Hamilton – Mayor Larry Vaughn


O melhor filme de Spielberg, sem dúvida. E ainda dizem que o mérito maior pelo sucesso do filme é o da editora, Verna Fields. Tanto é que o diretor iniciante, com muito ainda o que provar, não a convidou para seus próximos filmes. Tudo bem, “A Lista de Schindler” e “Munique” são ótimos filmes, porém não tão redondos quanto o sensacional “Tubarão”.

“Jaws” estabeleceu os parâmetros do bom Filme de Verão apesar de todos os famosos problemas durante a sua filmagem – Robert Shaw era um bêbado agressivo, o que resultou em brigas freqüentes entre ele e Richard Dreyfuss; roteiro inacabado; o tubarão mecânico quebrava constantemente (Spielberg o apelidou inicialmente de “Bruce”, mas logo o substituiu por “The White Turd” – O Cocô Branco).

Na verdade, permita-me corrigir o parágrafo anterior. Subtraia “apesar de” e acrescente “por conta de”, especialmente no que concernem os problemas de “Bruce”. Como todos sabem, o tubarão só aparece mesmo nos últimos quinze minutos e isso é um dos grandes trunfos do filme. Por cerca de 90 minutos, tivemos bastante tempo para conhecer bem os personagens. Todos os atores listados no cabeçalho, sem exceção, tiveram atuação brilhante. Acreditamos perfeitamente em sua existência no universo do filme. São todos muito naturais, verossímeis e humanos porque são bem escritos. Spielberg já declarou que teria mostrado o tubarão bem antes do final, se não fossem as imensas dificuldades técnicas apresentadas pelo animatronic, o que teria enfraquecido a película consideravelmente. A expectativa de ver o monstro foi muito bem construída pelos mecanismos de instauração de suspense impecáveis do filme. Todos nós, espectadores, estamos tão loucos para ver o tubarão, que não faz diferença se o monstro parece falso no final. Os atores também nos ajudam a não perder estado de apreensão, principalmente quando se trata de projetar medo. O melhor exemplo é a cena clássica: Já dentro do barco “Orca”, à caça do grande tubarão branco, Chief está de cócoras jogando isca para atraí-lo, quando este aparece pela primeira vez com a cabeça fora d’água, a centímetros de distância de seu braço. Chief se levanta como um raio e, apavorado, com os olhos arregalados, diz para si mesmo: “Nós vamos precisar de um barco maior.” Obrigado, Roy Scheider! Apesar de percebermos que o tubarão é uma marionete gigante de borracha, preferimos fingir que ele é de verdade e ficar com medo junto com você!

“Tubarão” é mais uma prova do quanto os diretores de filmes de ação e de suspense erram hoje em dia. Por mais fantásticos que os efeitos especiais sejam, um tubarão ou um robô gigante ou um lobisomem, vampiro, etc., nunca serão mais interessantes do que personagens bem escritos. Afinal, não é possível criar suspense quando o espectador não dá a mínima para o destino dos personagens. Por exemplo, uma linda cena mostra o Chief Brody sentado na sua mesa de jantar, todo sorumbático e melancólico por conta de um tapa que acabou de levar da mãe de um menino morto pelo tubarão. (O prefeito da cidade não tinha permitido que Chief fechasse as praias, pois temia que isso afastasse os turistas, principal fonte de renda da cidade. Aí, lógico, enquanto todos se divertem na água, ainda que temerosos de um possível ataque, o tubarão vai lá e mata uma criança). Brody apóia o queixo em uma das mãos. Seu filho mais jovem está sentado ao seu lado em silêncio, imitando todos os seus movimentos. A mãe, à porta da sala, só observa a total empatia entre pai e filho. Quando Brody finalmente percebe que seu filho o está imitando carinhosamente, pede um beijo. O filho pergunta: “Por que?” Brody: “Porque eu preciso.” Esse é um exemplo da cena perfeita, porque a) é resultado coerente da sucessão de acontecimentos anteriores e b) seu conteúdo emocional intenso humaniza os personagens, ou seja, os transforma em gente de carne e osso, algo esquecido na Hollywood do século XXI.

Como gerador de influências, a estrutura de “Tubarão” está presente em centenas de filmes e certamente estará em muitos que virão pela frente. O exemplo mais recente que me vem à mente é “Super 8”, um filmezinho fraco, feito unicamente para jovens americanos entre 8 e 15 anos de idade. Produzido pelo próprio Spielberg e dirigido por J.J. Abrams, da série “Lost”, o filme segue a mesma idéia – até louvável – de construir personagens mais complexos até os minutos finais, quando explode toda a ação e o monstro é revelado. No entanto, tenho a impressão de que os roteiristas de hoje se esqueceram de como as pessoas falam realmente. Os diálogos não têm autenticidade nenhuma, os meninos são retratados como caricaturas de como o adulto vê o pré-adolescente.

Enquanto que a autenticidade de “Jaws” torna-o atemporal. A experiência de assisti-lo em 2011 pela quarta ou quinta vez é quase tão eletrizante quando na primeira, há uns quinze anos atrás. E deve ter sido tão ou mais empolgante ainda para o espectador dos anos 70, mais ingênuo, menos experiente em filmes de suspense. “Tubarão” é um filme pipoca perfeito, um clássico da diversão. Dá até vontade de voltar no tempo e ir ao cinema em 1975.

Menção: F

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quarta-feira, 24 de agosto de 2011

NEVER LET ME GO

Year: 2010
Director: Mark Romanek
Screenwriter: Alex Garland

Main Cast:

Carey Mulligan – Kathy H
Andrew Garfield – Tommy D
Keira Knightley – Ruth
Charlotte Rampling – Miss Emily
Sally Hawkins – Miss Lucy
Nathalie Richard – Madame

Please, do me a favor and watch “Never let me go” before reading this review. Or don’t, because this movie is not for the weak of heart. I’m making a point of telling you to watch the film first, because, though it’s always a good idea to see the films and read my reviews later, this time it’s essential to be surprised in order to fully appreciate this one.

When I woke up at 5:30 this morning, I realized this was a horror film, without the scares and the thrills. It haunted me; I couldn’t go back to sleep. There is a beautifully moving love story in it, its narrative style, its pace, the quality of its acting, everything points to classical drama, but make no mistake: we’re talking about the Horror.

The movie is set in England, its timeline spans from the 70s to the 90s, but it’s an alternate reality. In this reality, humanity found the cure to all diseases through organ donation and cloning. Our three main characters live in a boarding school, from which grounds they can never go beyond. They don’t seem to have a family of their own; they never talk about parents or brothers and sisters. Their health is very well taken care of – their diet is strict and they play sports on a daily basis. This is so, because they are clones. Their only purpose in life is to grow up healthy and donate their organs until they “complete” (die). The school is nothing more than a farm, where they graze like cattle. They are not people, they are “Donors”.

We only find about that in the middle of the movie, which is quite a shock. Up until then, they are portrayed as completely normal kids. They fight, they make art, fall in love, just like everybody else. It’s one of the movie strengths. When the entire scheme is revealed, we are not ready for it. Very disturbing stuff and the worst is still coming.

The fact that clones are very human is exemplified by Kathy, Tommy and Ruth. Kathy and Tommy fall in love when they are around 10 years old. Ruth, Kathy’s best friend, senses that very clearly and envisions a long happy relationship for them. She can’t stand that. Before Kathy and Tommy have a chance to get together, Ruth intervenes and “seduces” him (I don’t know if you can apply this term to a 10-year-old girl). They stay together for years. When they reach the age of 18, they are sent to the “Cottages” (perhaps a word game with “College”). There, Kathy is still very much in love with Tommy, but he is being tightly kept by Ruth through the diligent use of sex. There are no more classes or teachers or sports; they just wait. Eventually, frustrated by the possibility of never being able to fulfill her dreams, Kathy decides to apply for a “Carer” position. She leaves the Cottages to travel around England and take care of the Donors. Of course, after she goes, Ruth breaks up with Tommy.

In short, before the film starts showing the donors’ daily routine in hospitals and health care facilities, it’s made clear that the characters go through the most human emotions like jealousy, envy, competitiveness, frustration, unfulfilled longings, uncontrollable sexual drive and, most importantly, love. Tommy and Kathy have loved each other since childhood and will always do.

It made me wonder: what a grim perspective of humankind. We are dealing with the idea that, since we don’t want to get sick ever again, we are raising clones – who are exactly like us – just like we raise cows for nourishment. Could this notion ever become reality? As an indefatigable optimist, I don’t believe so. On the other hand, if it was me, would I prefer to count on doctors, medicine and myself, and fight diseases the hard way? Would I take another life and live more than a hundred years? I honestly couldn't say for sure. Maybe I would after having seen the scenes in which the characters undergo the actual surgeries. They are quite powerful and disconcerting. The patients are treated like animals in a slaughterhouse.

Furthermore, one thing about this film really bothered me. Why do the clones accept their fate so easily? Why don’t they run away? There are a few elements in the movie that suggest possible explanations. Firstly, all the clones have to wear armbands all the time, which lead us to think they are monitored 24 hours a day by an invisible “Big Brother”. Secondly and most relevantly, in several scenes most clones show tremendous difficulty in doing things simply because they want to. It seems that they don’t understand the concept of free will, apparently because of the way they were raised. A question follows: Does one have to learn the idea of free will in order to use it? Isn’t the search for individual liberty something natural, instinctive, even if you’ve learned to resign and accept what’s given to you your whole life? What about fighting for your survival?

Again, I'm uncertain. I’m just glad we don’t live in a world like that and hope we never will.

Grade: A

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segunda-feira, 22 de agosto de 2011

QUANDO ÉRAMOS REIS (WHEN WE WERE KINGS)

Ano de Produção: 1996
Diretores: Leon Gast e Taylor Hackford

Estrelas Principais:

Muhammad Ali
George Foreman
Don King
Norman Mailer
George Plimpton
Spike Lee
James Brown
B.B. King

“Quando éramos Reis” irradia energia pela tela. O filme é uma grande viagem nostálgica aos anos 70, época em que artistas e atletas se engajavam politicamente, uns mais, outros menos. Muhammad Ali, o maior boxeador de todos os tempos, certamente pertence à categoria do atleta inteligente, articulado e politizado, artigo em extinção na atualidade.

Muhammad era um poeta, na verdade. Sua facilidade em manipular a linguagem, muitas vezes de maneira improvisada, na hora, era incrível. Suas rimas antecedem o rap de certa forma. Em entrevista coletiva dias antes da luta contra George Foreman, já em Kinshasa, Ali veio com os seguintes versos, claramente não planejados: “You think the world was surprised when Nixon resigned? Just wait till I kick Foreman’s behind!” E, lógico, não poderia deixar de citar sua frase mais famosa: “Float like a butterfly, sting like a bee. His hands can't hit what his eyes can't see. Now you see me, now you don't. George thinks he will, but I know he won't.” Nesse sentido, uma bela cena se dá próximo ao desfecho – George Plimpton, em uma de suas entrevistas para o filme, cita o menor poema da História, cunhado por Ali em palestra a cerca de dois mil formandos de Harvard: “Me. We.”

Como não poderia deixar de ser, a película também revela a faceta política do grande boxeador. Muhammad era defensor ardoroso do direito a liberdades civis e dava exemplo, pois obteve sucesso sem precisar se submeter aos valores brancos da sociedade americana dos 60 e 70. Muhammad Ali não tinha medo de dizer nada publicamente. Tornou-se um anti-herói americano quando disse não à convocação do exército para lutar na Guerra do Vietnã, ato valente na época, pois lhe custaram o cinturão de Campeão Mundial e sua licença para lutar. Patriota, na acepção americana da palavra, definitivamente não é sua característica. Muhammad tinha a coragem de declarar à câmera que os Estados Unidos não eram seu verdadeiro lar, mas sim a África. Ali sente o mais absoluto orgulho de sua herança étnica quando está em solo africano. Sua curta experiência no Zaire o encantou a ponto de convencê-lo que o negro africano estava num nível acima do “african-american”. Uma imagem do filme que mostra bem isso é uma onde Ali está no avião para Kinshasa e fica impressionado pelo fato de que toda a tripulação do vôo, inclusive o piloto e co-pilotos, é negra. Em determinado momento da película, o boxeador promete a seus interlocutores que levará tudo de positivo que aprendeu da cultura africana à América, em especial aos jovens afro-americanos.


O mais estarrecedor do filme é, de fato, a luta final. George Foreman era mais jovem, mais forte e mais brutal. Aniquilou seus dois adversários anteriores no segundo assalto. Quando treinava no saco de areia, deixava um buraco, ou melhor, uma depressão nele, devido à força de seus golpes. Ali se recusava a ver George treinando para não se deixar controlar pelo medo. Todos os comentaristas declaravam com toda certeza que Muhammad Ali não tinha a menor chance. Aliás, “Quando éramos Reis” tem uma grande qualidade. Até o momento da luta começar, o filme alterna entre entrevistas e os shows de música. Ambas provêm a sensação de pura energia e de antecipação ao espectador. As entrevistas porque, em sua maioria, mostra alguém argumentando a impossibilidade de George perder a luta. Ali era o único que acreditava em sua vitória. E a música! Simplesmente maravilhosa! A visão de B.B. King tocando sua guitarra enlouquecidamente e a de James Brown dançando e cantando deixam o espectador energizado, quase pulando da cadeira, cheio de expectativa para ver a luta, mesmo já sabendo o resultado final.

A luta em si é uma aula de boxe. É a prova cabal de como a inteligência e experiência do atleta são mais importantes do que todo o vigor físico do mundo. Do soar inicial do gongo até sua queda, Foreman esteve sempre sob o controle de Ali. Durante a luta, Muhammad se deixava encurralar sobre as cordas e constantemente “conversava” com George. Provavelmente como uma tática de desmoralização, fico imaginando Ali gritando no ouvido de seu adversário: “Você não é de nada! Todo mundo falava que você era forte, mas eu não tô sentindo nem cócegas! Bate de verdade, George!” Aí, quando George cansou de tanto bater sem nenhuma eficiência, Muhammad Ali deu uma reviravolta e nocauteou George Foreman fantasticamente. O legal dessa parte do filme é que a câmera mostra a expressão de surpresa e admiração dos fãs, jornalistas e comentaristas ao redor do ringue no momento da queda, como se tivessem acabado de testemunhar um milagre. Bem mais emocionante do que assistir qualquer filme ficcional de boxe, “Rocky” inclusive.

A minha única objeção ao filme nunca poderia ter sido remediada, pois teria sido impossível colocá-la em prática. Eu queria ter visto como era Muhammad Ali longe das câmeras. Quando a câmara ligava, parece-me que algo dentro de Ali também ligava. Todas as provocações, as rimas, os ditos arrogantes, o ego gigantesco, a autoconfiança inabalável eram certamente apenas uma persona, uma faceta de Ali, como se fosse parte de seu trabalho. Pelo menos, temos um vislumbre do Muhammad privado no papel criado por Will Smith, em “ALI”, dirigido por Michael Mann, também um filme altamente recomendado.

Depois que você assiste “Quando éramos reis”, é até covardia comparar Muhammad Ali com os atletas de hoje, que mal sabem se expressar. É triste perceber como a ignorância, a máscara e a ganância imperam no mundo dos esportes do século XXI. A era de Ali no boxe; de Larry Bird e Magic Johnson no basquete; de Zico, Sócrates e Falcão no futebol infelizmente acabou.

Menção: O

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sexta-feira, 19 de agosto de 2011

BONUS: 100 FILMES FAVORITOS – DIEGO NUNES (Em ordem cronológica)

1 – 12 Homens e uma Sentença (12 Angry Men) – 1957
2 – Um Corpo que cai (Vertigo) – 1958
3 – Psicose (Psycho) – 1960
4 – Os Pássaros (The Birds) – 1963
6 – Dr. Fantástico (Dr. Strangelove or: How I learned to stop worrying and Love the Bomb) - 1964
7 – O Bebê de Rosemary (Rosemary’s Baby) – 1968
8 – Laranja Mecânica (Clockwork Orange) – 1971
9 – O Poderoso Chefão (The Godfather) – 1972
10 – O Exorcista (The Exorcist) – 1973
11– O Poderoso Chefão: Parte II (The Godfather: Part II) – 1974
12 – Tubarão (Jaws) – 1975
13 – Um Estranho no Ninho (One flew over the Cuckoo’s Nest) - 1975
14 – Um Dia de Cão (Dog Day Afternoon) – 1975
15 – Monty Python em busca do Cálice Sagrado (Monty Python and the Holy Grail) - 1975
16 – Taxi Driver – 1976
17 – Todos os Homens do Presidente (All the President’s Men) – 1976
18 – A Profecia (The Omen) - 1976
19 – Noivo Neurótico, Noiva Nervosa (Annie Hall) – 1978
20 – O Franco-Atirador (The Deer Hunter) – 1978
21 – O Show deve continuar (All that Jazz) – 1979
22 – Apocalypse Now – 1979
23 – Alien, o Oitavo Passageiro (Alien) – 1979
24 – Manhattan – 1979
25 – O Iluminado (The Shining) - 1980
26 – Blade Runner – O Caçador de Andróides (Blade Runner) – 1982
27 – Tootsie - 1982
28 – Amadeus – 1984
29 – A Testemunha (Witness) – 1985
30 – A Mosca (The Fly) – 1986
31 – Aliens, o Resgate (Aliens) – 1986
32 – Hannah e suas Irmãs (Hannah and her Sisters) - 1986
33 – Os Intocáveis (The Untouchables) – 1987
34 – O Predador (Predator) – 1987
35 – Coração Satânico (Angel Heart) – 1987
36 – Wall Street – Poder e Cobiça (Wall Street) – 1987
37 – Busca Frenética (Frantic) – 1988
38 – Rain Man - 1988
39 – A Guerra dos Roses (The War of the Roses) – 1989
40 – A Sociedade dos Poetas Mortos (Dead Poets Society) – 1989
41 – O Poderoso Chefão: Parte III (The Godfather: Part III) – 1990
42 – Os Bons Companheiros (Goodfellas) – 1990
43 – Thelma e Louise (Thelma and Louise) – 1991
44 – O Pescador de Ilusões (The Fisher King) – 1991
45 – Cabo do Medo (Cape Fear) – 1991
46 – O Silêncio dos Inocentes (The Silence of the Lambs) – 1991
47 – Alien 3 – 1992
48 – Os Imperdoáveis (Unforgiven) – 1992
49 – Cães de Aluguel (Reservoir Dogs) – 1992
50 – Drácula de Bram Stoker (Bram Stoker’s Drácula) – 1992
51 – Um Misterioso Assassinato em Manhattan (Manhattan Murder Mistery) -1993
52 – Vestígios do Dia (The Remains of the Day) – 1993
53 – O Pagamento Final (Carlito’s Way) – 1993
54 – Em Nome do Pai (In the Name of the Father) – 1993
55 – Tombstone – A Justiça está chegando (Tombstone) – 1993
56 – Sem Medo de Viver (Fearless) – 1993
57 – Seis Graus de Separação (Six Degrees of Separation) – 1993
58 – Feitiço do Tempo (Groundhog Day) – 1993
59 – Pulp Fiction – Tempo de Violência (Pulp Fiction) – 1994
60 – Quatro Casamentos e um Funeral (Four Weddings and a Funeral) – 1994
61 – O Profissional (Leon) – 1994
62 – Quiz Show – A Verdade dos Bastidores (Quiz Show) – 1994
63 – A Morte e a Donzela (Death and the Maiden) – 1994
64 – Poderosa Afrodite (Mighty Aphrodite) – 1995
65 – Seven – Os Sete Crimes Capitais (Se7en) – 1995
66 – As Pontes de Madison (The Bridges of Madison County) – 1995
67 – Fogo contra Fogo (Heat) – 1995
68 – Os Suspeitos (The Usual Suspects) – 1995
69 – Os Doze Macacos (Twelve Monkeys) – 1995
70 – Despedida em Las Vegas (Leaving Las Vegas) - 1995
71 – Fargo – 1996
72 – Shine – Brilhante (Shine) – 1996
73 – Ricardo III – Um Ensaio (Looking for Richard) – 1996
74 – O Povo contra Larry Flynt (The People VS. Larry Flynt) – 1996
75 – A Gaiola das Loucas (The Birdcage) - 1996
76 – Mera Coincidência (Wag the Dog) – 1997
77 – Los Angeles: Cidade Proibida (L.A. Confidential) – 1997
78 – Lolita – 1997
79 – Ronin – 1998
80 – O Grande Lebowski (The Big Lebowski) – 1998
81 – O Show de Truman (The Truman Show) – 1998
82 – Clube da Luta (Fight Club) – 1999
83 – Tudo sobre minha Mãe (Todo sobre mi Madre) – 1999
84 – Beleza Americana (American Beauty) – 1999
85 – Amnésia (Memento) – 2000
86 – Garotos Incríveis (Wonder Boys) – 2000
87 – Contos Proibidos do Marquês de Sade (Quills) - 2000
88 - E sua Mãe Também (Y tu Mamá También) – 2001
89 – Ali – 2001
90 – O Fabuloso Destino de Amélie Poulain (Le Fabuleux Destin d’Amélie Poulain) – 2001
91 – Gangues de Nova York (Gangs of New York) – 2002
92 – As Horas (The Hours) – 2002
93 – Cidade de Deus (City of God) – 2002
94 – Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças (Eternal Sunshine of the Spotless Mind) – 2004
95 – Antes do Pôr-do-Sol (Before Sunset) - 2004
96 – A Pequena Miss Sunshine (Little Miss Sunshine) – 2006
97 – A Vida dos Outros (Das Leben der Anderen) – 2006
98 – Juno – 2007
99 – Tropa de Elite 2 – O Inimigo agora é Outro - 2010
100 – A Origem (Inception) - 2010



BONUS: 100 FILMES FAVORITOS – FELIPE SOBREIRO (Em ordem cronológica)

1 – Nanook do Norte (Nanook of the North) – 1922
2 – Luzes da Cidade (City Lights) - 1931
3 – Tempos Modernos (Modern Times) – 1936
4 – O Grande Ditador (The Great Dictator) - 1940
5 – Cão Danado (Nora inu) – 1949
6 – Janela Indiscreta (Rear Window) – 1954
7 – Os Sete Samurais (Shichinin no Samurai) - 1954
8 – O Mensageiro do Diabo (The Night of the Hunter) – 1955
9 – 12 Homens e uma Sentença (12 Angry Men) – 1957
10 – Psicose (Psycho) - 1960
11 – O Anjo Exterminador (El Ángel Exterminador) - 1962
12 – Dr. Fantástico (Dr. Strangelove Or How I Learned to Stop Worrying and Love the Bomb) – 1964
13 – Repulsa ao Sexo (Repulsion) – 1965
14 – Três Homens em Conflito (Il Buono, il Brutto, il Cattivo) – 1966
15 – Rebeldia Indomável (Cool Hand Luke) – 1967
16 – Era uma vez no Oeste (C'era una volta il West) – 1968
17 – Bananas – 1971
18 – Laranja Mecânica (A Clockwork Orange) – 1971
19 – Perseguidor Implacável (Dirty Harry) - 1971
20 – O Poderoso Chefão (The Godfather) – 1972
21 – O Exorcista (The Exorcist) – 1973
22 – Chinatown – 1974
23 – Tubarão (Jaws) – 1975
24 – A Última Noite de Boris Grushenko (Love and Death) – 1975
25 – Rede de Intrigas (Network) – 1976
26 – Taxi Driver – 1976
27 – Noivo Neurótico, Noiva Nervosa (Annie Hall) - 1978
28 – Apocalypse Now – 1979
29 – Alien, o Oitavo Passageiro (Alien) – 1979
30 – O Iluminado (The Shining) - 1980
31 – Touro indomável (Raging Bull) – 1980
32 – Amadeus - 1982
33 – Blade Runner – o Caçador de Andróides (Blade Runner) – 1982
34 – Monty Python – O Sentido da Vida (Monty Python's The Meaning of Life) – 1983
35 – Zelig - 1983
36 – Aliens, o Resgate (Aliens) – 1986
37 – Nascido para Matar (Full Metal Jacket) - 1987
38 – Akira – 1988
39 – Os Bons Companheiros (GoodFellas) - 1990
40 – O Pescador de Ilusões (The Fisher King) – 1991
41 – O Silêncio dos Inocentes (The Silence of the Lambs) – 1991
42 – Cães de Aluguel (Reservoir Dogs) – 1992
43 – Os Imperdoáveis (Unforgiven) – 1992
44 – Feitiço do Tempo (Groundhog Day) – 1993
45 – Um Dia de Fúria (Falling Down) – 1993
46 – Crumb – 1994
47 – Ed Wood – 1994
48 – Pulp Fiction – Tempo de Violência (Pulp Fiction) - 1994
49 – Despedida em Las Vegas (Leaving Las Vegas) – 1995
50 – Os Doze Macacos (Twelve Monkeys) – 1995
51 – Fogo contra Fogo (Heat) – 1995
52 – Fargo – 1996
53 – Trainspotting – Sem Limites (Trainspotting) – 1996
54 – Melhor é Impossível (As Good as it Gets) – 1997
55 – Los Angeles: Cidade Proibida (L.A. Confidential) - 1997
56 – O Quinto Elemento (The Fifth Element) – 1997
57 – O Grande Lebowski (The Big Lebowski) - 1998
58 – Pi – 1998
59 – Beleza Americana (American Beauty) – 1999
60 – Clube da Luta (Fight Club) – 1999
61 – The Matrix - 1999
62 – Quero ser John Malkovich (Being John Malkovich) – 1999
63 – Amnésia (Memento) – 2000
64 – Amores Brutos (Amores Perros) – 2000
65 – Nove Rainhas (Nueve reinas) - 2000
66 – Requiem para um Sonho (Requiem for a Dream) – 2000
67 – Sexy Beast – 2000
68 – Os Excêntricos Tenenbaums (The Royal Tenenbaums) - 2001
69 – O Fabuloso Destino de Amelie Poulain (Le Fabuleux destin d'Amélie Poulain) – 2001
70 – Adaptação (Adaptation) - 2002
71 – Cidade de Deus – 2002
72 – Adeus, Lênin! (Good Bye, Lenin!) – 2003
73 – Anti-Herói Americano (American Splendor) – 2003
74 – As Bicicletas de Belleville (Les Triplettes de Belleville, Belleville Rendez-vous) – 2003
75 – Dogville - 2003
76 – O Homem Que Copiava – 2003
77 – Kill Bill Volume 1 – 2003
78 – Oldboy - 2003
79 – Zatoichi – 2003
80 – Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças (Eternal Sunshine Of The Spotless Mind) - 2004
81 – Kill Bill Volume 2 – 2004
82 – A Madrugada dos Mortos (Dawn of the Dead) – 2004
83 – O Operário (The Machinist) – 2004
84 – Survive Style 5+ - 2004
85 – O Homem Urso (Grizzly Man) – 2005
86 – O Cheiro Do Ralo – 2006
87 – A Fonte da Vida (The Fountain) – 2006
88 – Filhos da Esperança (Children of Men) – 2006
89 – Os Infiltrados (The Departed) – 2006
90 – A Pequena Miss Sushine (Little Miss Sunshine) – 2006
91 – O Assassinato de Jesse James pelo covarde Robert Ford (The Assassination of Jesse James by the Coward Robert Ford) – 2007
92 – O Escafandro e a Borboleta (Le Scaphandre et le Papillon) – 2007
93 – Sangue Negro (There Will Be Blood) – 2007
94 – Anvil! The Story of Anvil – 2008
95 – O Lutador (The Wrestler) – 2008
96 – Mary and Max, uma Amizade Diferente (Mary and Max) – 2009
97 – O Segredo de seus Olhos (El Secreto de Sus Ojos) – 2009
98 – Cisne Negro (Black Swan) – 2010
99 – A Origem (Inception) – 2010
100 – Hobo with a Shotgun – 2011

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

O COLECIONADOR DE OSSOS (THE BONE COLLECTOR)

Ano de Produção: 1999
Diretor: Phillip Noyce

Roteirista: Jeremy Iacone


Atores Principais:

Denzel Washington – Lincoln Rhyme

Angelina Jolie – Amelia Donaghy

Ed O’Neill – Paulie Sellitto

Michael Rooker – Howard Cheney

Queen Latifah – Thelma

Leland Orser – Richard Thompson

Luis Guzmán – Eddie Ortiz


CONTÉM SPOILERS
Infelizmente, o filme é um mero derivado de “Seven”. Vários de seus elementos marcantes são reutilizados aqui, como a atmosfera urbana e lúgubre; um serial killer cruel, que gosta de deixar pistas para a polícia; uma dupla de policiais – um branco e um negro, um iniciante e emotivo, o outro cerebral e experiente – e um final muito semelhante, pois transforma o duo protagonista em perseguidos ao invés de perseguidores.

Final semelhante, porém muito inferior. Ao contrário de “Seven”, que nos apresenta um dos maiores vilões da história do cinema, o assassino de “O Colecionador de Ossos” é patético. Ele fala demais, explica demais. Quando finalmente revelado, ele dá uma palestra objetiva a respeito de todas as razões pelas quais ele se tornou um serial killer e porque ele escolheu Lincoln Rhyme como sua vítima final. E o pior, não convence ninguém. Seus motivos são mesquinhos, pequenos e não explicam porque ele decidiu matar tanta gente. É um perfeito anticlímax. Denzel quase consegue salvar a cena. Seu personagem é tetraplégico; portanto, seus movimentos se limitam à cabeça, ombros e o dedo médio de uma das mãos. Apesar de todas essas restrições, Denzel é tão Chuck Norris, que vence o vilão na porrada, acreditem se quiser. Kevin Spacey, em “Seven”, também faz um discurso, o que não faz de seu personagem menos ameaçador. O oposto acontece. Depois que descobrimos suas motivações, ficamos ainda mais impressionados e, alguns de nós, mais aterrorizados.

A segunda diferença entre “O Colecionador” e “Seven” é o fato de que Brad Pitt é agora interpretado por sua atual mulher, Angelina Jolie. Ela convence no papel do tira iniciante, mas seu personagem também é cópia de outro muito superior, a Clarice Starling de Jodie Foster, em “O Silêncio dos Inocentes”. Tal como sua antecessora, Angelina projeta coragem e, ao mesmo tempo, vulnerabilidade em situações de grande perigo. Ambas, a partir da captura de um psicopata assassino, passam pelo mesmo rito de passagem – de aluna aspirante, passam ao status de detetive profissional. E, similarmente, é possível detectar tensão sexual entre elas e seus respectivos mentores, porém de forma um pouco mais evidente em “O Colecionador”.

Percebe-se que originalidade não é o forte desse filme. Na verdade, a tensão sexual entre Angelina e Denzel, mencionada acima, é o único ponto de que eu realmente gostei. Como o dedo médio de Denzel é uma das poucas partes de seu corpo sensíveis ao toque, Angelina o acaricia intensamente em duas ocasiões. Achei corajoso da parte do diretor manter esse aspecto erótico presente na película. Os dois atores compartilham boa química na tela, talvez até reflexo de uma na vida real. Grande Denzel, ma man.

Preciso ressaltar só mais uma coisa, a respeito do chefe de polícia, interpretado por Michael Rooker. Que personagem chato e unidimensional! Ele é incrivelmente incompetente, ninguém sabe como ele chegou ao cargo de chefia. Howard Cheney só tem duas utilidades: obstruir as investigações da dupla e enganar o espectador quanto à possibilidade de ele ser o assassino. O diretor de casting do filme deve ter pensado: “hmmm, Michael dá um bom red herring, porque já fez vários psicopatas, sendo o mais famoso o Henry de ‘O Retrato de um Assassino’”.

Corrijo minha primeira asserção: “O Colecionador de Ossos” é um mero derivado de vários filmes de serial killer.

Menção: FR

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segunda-feira, 15 de agosto de 2011

PERFIL – ROBERT DE NIRO


Para a nossa diversão, decidi que, a cada 10 críticas, postarei uma lista de 10 filmes dos meus atores favoritos. Os filmes serão enumerados em ordem crescente de preferência e estarão acompanhados de uma breve resenha. O critério de seleção adotado destacará a versatilidade do ator, ou seja, tentarei abranger sua capacidade de interpretar papéis completamente distintos. Muita gente não vai concordar com as listas, mas é por isso que temos a sessão de comentários sempre disponível.
O primeiro escolhido foi o meu ator favorito dos 12 aos 23 anos de idade – ROBERT DE NIRO.

10 – OS INTOCÁVEIS (THE UNTOUCHABLES, 1987)

Robert de Niro faz o Al Capone definitivo. A famosíssima cena do taco de beisebol mostra a sua habilidade de retratar uma raiva intensa de maneira contida, disfarçada por uma fachada de frieza. Na verdade, o seu Capone, resumidamente, é um assassino sanguinário, sem remorsos, controlado pela racionalidade do homem de negócios. O embate entre id e superego é bem claro nesse personagem, o que contrasta bem com o bom mocismo do seu adversário, Eliot Ness, interpretado pelo sempre chato Kevin Costner.

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9 – UMA MULHER PARA DOIS (MAD DOG AND GLORY, 1993)

Aqui de Niro faz um personagem que não poderia ser mais diferente de Al Capone. Wayne “Mad Dog” Dobie não tem nada de cachorro louco. Ao contrário, mesmo sendo policial, é um homem comum, tímido, com todos os medos e inseguranças que nos acompanham diariamente. No entanto, Wayne salva a vida de Frank Milo, chefe da máfia local – interpretado por nada mais nada menos que Bill Murray! Frank decide retribuir o favor e manda Uma Thurman passar uma semana em sua casa e fazer o que for preciso para mantê-lo feliz. Lógico, Wayne se apaixona por Uma e não aceita o trato de apenas sete dias. Como Frank quer seu bibelô de volta, Wayne vai ter que virar homem e confrontar um dos criminosos mais perigosos da cidade. Imaginem! De Niro fazendo um policial frágil e medroso contra Bill Murray interpretando um mafioso assassino! Só essa inversão de tipos já vale o filme.

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8 – A MISSÃO (THE MISSION, 1986)

O Brasil do século XVIII, marcado por freqüentes conflitos entre a população indígena e os colonizadores portugueses, é o cenário desse belo filme. Rodrigo Mendoza (De Niro), de família nobre, tem uma vida repleta de confortos e privilégios, pega sua mulher em flagrante, na cama com o seu próprio irmão (Aidan Quinn). Num acesso de fúria, Mendoza mata seu irmão num duelo de espadas. A partir daí, sofre de um arrependimento terrível e se isola numa comunidade de jesuítas, onde conhece o padre Gabriel, interpretado por Jeremy Irons (mais um interessante contraste de estilos). Os dois se tornam amigos e juntos defendem uma tribo indígena de colonizadores portugueses em busca de escravos. Mesmo com poucos diálogos, a performance de Niro é, no mínimo, admirável, pois vai da fúria assassina, passa pelo tormento da culpa e conclui com a coragem de lutar por uma causa. Além disso tudo, estamos falando de um nobre colonizador do século XVIII, ou seja, nada mais distante de si mesmo. Um excelente trabalho de transformação.

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7 – TEMPO DE DESPERTAR (AWAKENINGS, 1990)

Nunca Robert de Niro interpretou um papel tão doce, tão delicado. Leonard vive em um sanatório, uma vez que tem uma doença até então incurável, a qual o impede de se comunicar completamente. Ele não fala e não se mexe. Pode-se dizer que seu personagem é apenas uma escultura que respira. Robin Williams é o médico que descobre a cura e, então, “acorda” Leonard e diversos outros pacientes com a mesma condição. Leonard volta à vida, faz amizades, vê um pouco do mundo e se apaixona. Porém, descobre-se que a cura é só temporária. Leonard volta a ter os primeiros sintomas da doença, que se assemelha aos do Mal de Parkinson. Daí em diante, de Niro nos leva numa odisséia de angústia, que envolve tanto a parte física, representada pelos tremores e tiques, quanto a emocional – seu sentimento de impotência e desespero perante seu destino inexorável, de volta à imobilidade. Comovente.

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6 – CORAÇÃO SATÂNICO (ANGEL HEART, 1987)

Em Coração Satânico, o nosso querido “Bobby” de Niro interpreta Louis Cypher. Muito bem caracterizado, de barba e cabelo bem escuros, unhas longas e afiadas, elegantemente vestido. Como ninguém, de Niro sabe transmitir à platéia o conceito de Mal sem grandes trejeitos ou firulas. Este é um dos melhores filmes dos anos 80. Só tiraria os olhos amarelos. Meio brega.

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5 - O REI DA COMÉDIA (THE KING OF COMEDY, 1982)

Um dos filmes mais injustiçados de Robert de Niro. Um fracasso de bilheteria à época de lançamento; hoje é considerado um Cult do humor negro. Rupert é um de seus personagens mais frustrados. Além de ser um tremendo chato! Teimoso! Sua necessidade de atenção por parte da mídia é tamanha, que chega ao ponto de seqüestrar seu maior ídolo (Jerry Lewis), a fim de arrancar um convite a seu show de televisão. Este é um dos primeiros filmes sobre a busca pela celebridade a qualquer custo – e normalmente quem a procura são os sem-talento – em contraposição à busca pelo sucesso – realizada pelos esforçados e talentosos. Em “O Rei da Comédia”, de Niro faz um loser inesquecível.

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4 – CABO DO MEDO (CAPE FEAR, 1991)

Max Cady, anteriormente interpretado por Robert Mitchum na primeira versão do filme, feita nos anos 50, é retratado por de Niro nessa versão do clássico, dirigida por Martin Scorcese a la Hitchcock. Entre os vários psicopatas feitos pelo astro, este é “O” psicopata. De Niro prova mais uma vez que é um camaleão. Sotaque sulista, fanático religioso e fã de Nietzsche (!), todo tatuado com passagens da bíblia, forte como um touro, zero por cento de gordura e uma cara de mau que deve ter assustado até seus colegas. Atenção especial à cena entre seu polegar e a boca de uma jovem Juliette Lewis.

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3 – O PODEROSO CHEFÃO: PARTE II (THE GODFATHER: PART II, 1974)

Além de estar presente em dos maiores filmes da História, Robert de Niro assume o papel de Vito Corleone, anteriormente interpretado por Marlon Brando, simplesmente o maior ator de todos os tempos. Ainda um ator relativamente iniciante, especialmente em termos de grandes filmes, Bobby dá um show. Aprendeu o dialeto siciliano e mudou a voz para se parecer a Marlon e assim manter a coerência do personagem. Ele deve ter falado uma ou duas frases em Inglês durante o filme todo e, mesmo assim, com sotaque italiano fortemente carregado. Atuação perfeita. Não é a toa que tanto ele quanto Marlon ganharam a estatueta pelo mesmo papel.

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2 – TOURO INDOMÁVEL (RAGING BULL, 1980)

Em “Touro Indomável”, Robert de Niro é a personificação do Ciúme Delirante. Seu personagem, o boxeador Jake La Motta joga sua carreira e sua vida pessoal no lixo. As únicas pessoas que realmente o amavam – sua mulher e seu irmão – o abandonam porque não suportam mais seus ataques de ira e de violência doméstica. Alguns anos depois, ainda sozinho, em total decadência e vinte quilos mais gordo (o astro realmente engordou, não é maquiagem), encontramos o patético Jake, tentando ser stand-up comedian sem nenhum sucesso. De Niro sim, absolutamente no auge de sua carreira.

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1 – TAXI DRIVER, 1976

Se de “Touro Indomável” originou-se a famosa citação “Did you fuck my wife?”, Taxi Driver gerou um dos quotes mais célebres da história do cinema: “Are you talking to me? Are you talking to me? So, who the hell are you talking to, are you talking to me? Well, I’m the only one here.” Poucos filmes retrataram tão bem a jornada de um homem em direção à loucura. O filme oferece a de Niro tempo suficiente para desenvolver seu personagem e, gradativamente, levá-lo ao inferno. Além de um desfecho poderoso, também chamo a atenção do leitor para uma cena tão dolorosa que é difícil até para mim, que já vi o filme umas cinco vezes, passar por ela de novo: Robert de Niro leva Cybil Shephard a um cinema pornô. Só de lembrar, já me parte o coração.

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sexta-feira, 12 de agosto de 2011

SURVIVE STYLE 5+

Year: 2004
Director: Gen Sekiguchi
Screenwriter: Taku Tada

Main Cast:

Tadanobu Asano – Aman
Reika Hashimoto – Aman’s wife
Kyoko Koizumi – Yoko
Hiroshi Abe – Aoyama
Ittoku Kishibe – Tatsuya Kobayashi
Yumi Aso – Misa, Kobayashi’s wife
Kanji Tsuda – Tsuda
Yoshiyuki Morishita – Morishita
Jai West – J
Yoshiyoshi Yarakawa – Killer’s Translator
Vinnie Jones – Hired Killer
Sonny Chiba – Kasama

Hands down, this is one of the worst movies I’ve seen in the last few years. It’s difficult to even begin to describe its vileness. I know I’m not supposed to write summaries, but, in order to be fair, this time, I have to. Understandably, very few people have seen this abominable piece of shit.

The story has five facets, represented by five sets of protagonists: 1 – Aman, who kills his “wife” over and over again, but she always comes back in a different costume. They live in an ultra colorful house, saturated with disconnectedly random objects. She cooks him loads of food, but then, for no apparent reason, they start fighting and she ends up dead. After he buries her, she comes back to haunt him. Apart from the cooking, which happens only once more, at Christmas night, this cycle is repeated several times. Why? There is no possible answer. Why do they love each other again in the end? Again, zero reasons. There is very little dialogue, and when there is, it’s meaningless.

2 – Aoyama, a showy, flashy hypnotist. He is a typically Japanese television host – noisy and unfunny. He gets killed by Vinnie Jones, who had been hired by a girl he had, not very successfully, fucked, 3 – Yoko, a copywriter who comes up with a few good ideas for commercials. The movie enacts some of them for us in the shape of short films, which, of course, are happening only in her imagination. One of them, about aspirins, she did tape and showed it to her employers; one especially, the president of the advertising company, played by Sonny Chiba. They hated it and I certainly agree with them. It’s supposed to be funny, but it’s just plain ridiculous.

4 – Kobayashi and his family, the only hint of something close to human the movie presents us. However, the father gets hypnotized by Aoyama, who convinces him he is a bird. But, as mentioned above, he is killed by Mr. Jones. Thing is, Aoyama dies before he takes Kobayashi out of his trance. So, he spends the rest of the film acting like a bird. His 8-year-old son is ok with that, because, according to him, it’s just a cool change. We have to accept our father just the way he is, even if he jumps off his roof into his lawn, because he thinks he can fly. His family sees that happening through the living room window. Huh… what an awful scene that was. It’s not even an original idea – “Birdy” (1984), with Nicolas Cage and Matthew Modine, did a lot better.

5 – The worst: three teenage burglars who steal nothing. They just like to hang around people’s houses, having the most inane conversations you can think of. Again, absolutely unfunny. Two of them are closeted homosexuals, but decide to be together by the end. One is handsome; the other is terribly ugly and inexplicably tanned. That’s it, there’s nothing else to it.
The ending is supposedly poetic, but I was so annoyed that I couldn’t appreciate it. Bottom line is: Yes, the movie’s got some style, but it doesn’t survive its own utter silliness. Everything about it is gratuitous and superficial. There’s not a speck of substance, no connection at all with something real. I couldn’t identify or sympathize with any character of this film. Survive Style 5+ didn’t make me think or feel anything; my brain was just a blank from beginning to end. The only thing I wondered was: “how worse is this movie going to get? Isn’t it enough?”

By the way, after having seen Vinnie Jones wearing nothing but shorts and flip-flops in a sauna, I will never respect him again.

Grade: U

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quinta-feira, 11 de agosto de 2011

O ANJO EXTERMINADOR (EL ÁNGEL EXTERMINADOR)

Ano de Produção: 1962
Diretor: Luis Buñuel

Roteirista: Luis Buñuel


Atores Principais:

Silvia Pinal – Leticia, La Valkiria

Enrique Rambal – Edmundo

Claudio Brook – Julio

José Baviera – Leandro Gomez

Augusto Benedico – Carlos Conde, El Doctor

Antonio Bravo – Sergio

Jacqueline Andere – Alicia de Roc

César Del Campo – Álvaro

Rosa Elena Durgel – Silvia

Lucy Gallardo – Lucía de Nobile

Enrique García Alvarez – Alberto Roc


CONTÉM SPOILERS
Um dos clássicos mais queridos do grande diretor Luis Buñuel, “O Anjo Exterminador” é certamente o meu favorito dele. Depois de ter assistido a alguns de seus filmes mexicanos não muito bons – “Nazarin” e “A Ilusão viaja de Trem” – um ótimo – “Ensaio de um Crime” e um muito bom da sua fase francesa – “O Fantasma da Liberdade”, a película em questão não só me agradou intelectualmente, por ser um grande exercício surrealista de crítica social, como também me impactou no nível psicológico. Confesso que fiquei um pouco perturbado por algumas horas após a sessão.

Imaginei como o filme seria ainda mais sombrio se feito hoje, claro, pelo mesmo Buñuel, se estivesse vivo. O elemento de horror do filme é em grande parte apenas sugerido, provavelmente por conta de restrições técnicas e orçamentárias e, especialmente, pela censura conservadora da época. Já pensou se tivessem mostrado os homens abatendo os cordeirinhos e a reação das mulheres a essa visão de selvageria? E se eles tivessem ficado mais tempo ainda? Sem dúvida teriam recorrido ao canibalismo, como era o plano original de Buñuel. A atmosfera de loucura e desespero teria sido realmente intensificada, fazendo futuros filmes com tema semelhante – Apocalypse Now e Ensaio sobre a Cegueira, por exemplo – parecerem recatados em comparação. Talvez a platéia do início dos anos 60 não estivesse preparada. Eu não conseguiria dormir por uma semana.

Não me entendam mal, o filme como ele é merece entrar na história como um dos maiores, lógico. Estamos falando da época de ouro em que o realismo mágico e a semiótica estavam com tudo, tanto na literatura quanto no cinema. Um urso andando pela casa, cordeiros, uma galinha na bolsa de uma das personagens; são vários os exemplos do uso do simbólico. As portas dos cômodos onde o pessoal caga e mija são ilustrados por figuras sagradas; sinceramente não sei se são anjos ou santos – talvez sejam os anjos exterminadores, ou seja, guardiões de um lugar onde o ser humano se reduz ao mais baixo e animalesco, onde o homem rola na sujeira fétida. No entanto, um casal entra em um desses quartos e não saem mais, permanecem até a morte. Eles escolhem possivelmente a saída mais digna: preferem morrer se amando a se rebaixarem num bacanal de ofensas, intrigas, vinganças e traições, no qual se transforma aquela sala.

Aliás, a ausência de respostas claras às questões levantadas no decorrer do filme é uma de suas características mais marcantes. Inteligentemente, o diretor espanhol nunca esclarece a causa que impede os convidados de saírem da sala, ou tampouco o porquê de ninguém de fora conseguir entrar, mesmo com os portões abertos (que ironia fantástica!). E a mão, perseguindo a personagem em seu sonho? Essa passagem, aparentemente sem sentido nenhum, absolutamente surreal, acrescenta muito ao filme, pois amplia o elemento de estranho e consolida sua atmosfera macabra. O espectador fica em desconforto. Nesse sentido (e em muitos outros também), houve involução na maneira de se fazer cinema. Pode-se afirmar que quase não há filmes hollywoodianos abertos hoje em dia. Tudo tem que ter uma explicação verossímil, muitas vezes ridícula e desnecessária, principalmente quando se disfarça de ciência. Pô, eles explicaram até a origem de Godzilla, como se isso realmente pudesse acontecer. Absurdo. Até filmes que tinham muito potencial são arruinados quando vem a explicação. Lembram-se de “A Vila”?

Há de se ressaltar a excelência do desfecho. Perfeito. Não satisfeito com referência dos anjos gravados nas portas dos “banheiros” da sala, Buñuel põe os convidados e mais algumas dúzias de fiéis presos numa igreja. Não sei se Buñuel acreditava em Deus, mas, no filme, me parece que Ele quer testar a arrogância da elite burguesa a fim de mostrar-lhe o quão pouco civilizada ela pensa que é. É como se Buñuel quisesse nos dizer: “Mais humildade, por favor! Ainda somos mais feitos de Eros do que de Civilização!”

Menção: F

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terça-feira, 9 de agosto de 2011

CAINDO NA REAL (REALITY BITES)

Ano de Produção: 1994
Diretor: Ben Stiller

Roteirista: Helen Childress

Atores Principais:
Winona Ryder – Lelaina

Ethan Hawke – Troy
Ben Stiller – Michael
Janeane Garofalo – Vicky
Steve Zahn – Sammy

CONTÉM SPOILERS
“Caindo na Real” tem a pretensão de ser um retrato fiel dos recém formados da faculdade nos anos 90. Consegue ser apenas superficialmente. Não tem como negar, a trilha sonora é recheada de sucessos da época, as roupas, os vídeos “edgy” da MTV, bandas grunge tocando no subsolo de pequenas boates alternativas, até o cabelo do Ethan Hawke é ensebado no estilo Kurt Cobain. Mas, fica por aí. A estrutura do filme segue a fórmula da comédia romântica. Quem ainda suporta ver a velha historinha do casal central brigando e se odiando no decorrer de 90% do filme, para depois descobrirem que estão diante do amor de sua vida? No universo da comédia romântica, todas as picuinhas, as ofensas, as mentiras são perdoadas quando, no final do filme, um dos personagens faz uma declaração de amor comovente e sincera, e o outro se emociona e se esquece de tudo de ruim que aconteceu. Os dois se beijam e juram que tudo vai ficar bem. Pronto, final feliz.

Final feliz teoricamente. Eu, pessoalmente, fiquei com muita pena da Winona. Porra, alguém me explica, por favor, a razão pela qual, depois de uma meia hora de filme, ela simplesmente não manda o Ethan Hawke se foder e parte para outra. Eu sinceramente nunca vi o herói do filme ser tão escroto, grosseiro, sem carisma, fracassado, preguiçoso, pseudo-intelectual e o pior: ele é, acima de tudo, um covarde, um cagão! O cara passa o filme inteiro sacaneando, ofendendo, espezinhando a mulher que ele ama! Ah, coitado! Ele tá com medinho de abrir o coração! A própria personagem da Winona, Lelaina, passa a maior parte do filme acabando com ele, dizendo umas boas verdades do tipo “você não tenta, não produz nada, só fica sentado no sofá o dia inteiro fumando, comendo Pringles e criticando o establishment”. Ou seja, eu acho que você é um sanguessuga, medroso e pedante, mas eu te amo, tá? Qual é! Faça-me o favor.

Em contrapartida, Michael (Ben Stiller) é o vilão mais gente boa da história do cinema. Não entendi porque a Winona não o escolheu logo de cara, uma vez que ele supera e muito o nosso “mocinho”, Troy. Michael é consistentemente gentil e carinhoso, é esforçado no trabalho, ganha bem, tem carro, leva-a para jantar e, aparentemente, não tem problemas de cama (isso com base numa cena dos dois na casa dele, de manhã. Ela está toda animadinha e sorridente). E mais, Michael, super bem-intencionado, tenta dar um empurrão na carreira de Lelaina, mas o tiro sai pela culatra. Ele não tem culpa, mas, mesmo assim, tenta consertar seu “erro” e humildemente pede desculpas! Promete que vai tentar de novo, só que agora tudo vai ser do jeito dela. Ela que manda. Oh! Que horror! Que vilão! É óbvio que ele não merece o perdão de Lelaina. Nunca que um monstro desse pode ficar com a mocinha no final. Honestamente, sem exageros, vocês sabem quais são os quesitos nos quais Troy supera Michael? Troy é mais articulado e tem mais referências culturais. Só.

Ironicamente, os dois únicos personagens interessantes do filme são os que têm menos tempo na tela. Janeane Garofalo tem a incrível capacidade de sempre subir o nível de um mau filme. Por mais banais que sejam, ela reveste todas as suas falas com inteligência e um humor fino, sarcástico. Steve Zahn, eu sou suspeito, porque sempre fui fã dele. Os conflitos pelos quais Vicky e Sammy passam chamam muito mais a atenção do que o lenga-lenga, o fica-não-fica dos protagonistas. Ela enfrenta o terror que é a suspeita de ser soropositiva, ele o pavor de não ser aceito pela mãe por ser homossexual. Vicky e Sammy definitivamente mereciam mais desenvolvimento, mas aí, o filme sairia da fórmula.

Sempre me pergunto o porquê de todo roteiro de comédia romântica estar necessariamente encaixado na mesma fórmula. Será que o estúdio não paga se não estiver? Só pode ser, porque não é maioria das romcoms, TODAS têm exatamente a mesma fórmula. É uma pena que “Caindo na Real” seja mais uma, pois trata de um assunto relativamente pouco explorado no cinema: as dificuldades de inserção no mercado depois da faculdade, especialmente se você faz questão de trabalhar na sua área. Nesse ponto, a película é válida, embora apenas toque na ponta do iceberg. Afinal, é preciso ter em mente que Helen Childress tinha apenas 19 anos quando finalizou seu roteiro. O diretor tinha 29. É um fato raro na história do cinema – um filme feito para jovens, escrito e dirigido por jovens. O que não me impede de pensar em como o filme seria melhor se Ben Stiller o dirigisse hoje, fora do circuitão dos grandes estúdios, já com seus 46 anos.

Menção: FR

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domingo, 7 de agosto de 2011

SIDEWAYS

Year: 2004
Director: Alexander Payne
Screenwriters: Alexander Payne and Jim Taylor


Main Cast:

Paul Giamatti – Miles

Thomas Haden Church – Jack

Virginia Madsen – Maya

Sandra Oh – Stephanie


Imagine you are a screenwriter. You say to yourself: “I want to write a story about real people doing what real people usually do.” It sounds simple enough. One would say: “You just have to observe life and put it on paper. Right?” Wrong. Nothing could be further from the truth. Creating and developing real characters and make the story interesting and exciting is one of the hardest tasks a writer could set itself. Alexander Payne and Jim Taylor did it successfully.

Of course, another very important reason the movie did so well was that the cast fleshed the characters out beautifully, led by the fantastic Paul Giamatti. At first, it seems he is just portraying another loser, something he is very good at. However, if you really pay attention, it’s impossible to put a label on his Miles, simply because he’s a human being. Giamatti is not playing Miles, he became Miles. It’s almost as if he was temporarily possessed by another soul.

First and foremost, Miles is a depressed character. He thinks he’s had a bad run for a long time, since his wife left him. His long, intricate, apparently unreadable novel still hasn’t grabbed his publishers’ attention. He feels lonely and unappreciated. Even with all these justifications, I don’t understand his melancholy. After all, his editor still has faith on him – she’s waiting for him to complete his novel; he has his best friend, Jack, who is irresponsible and an incurable liar, but a lifelong, loyal friend nevertheless. He has a steady job as lit teacher, which is not so bad as working inside an office. I mean little things as well, like passing by a coffee shop for a cappuccino and a spinach croissant in the middle of the day. Man, I love doing that.


There is more: on the top of everything, he meets this beautiful and intelligent woman (Maya), who gives him all the opportunities in the world to win her over. And, tentatively and awkwardly, he does it! He does this incredibly moving monologue (she’s in the same room listening to him) about why he loves Pinot Noir above all other grapes and, in the end, she’s all melted. So, why does keep whining about not having done anything with his life? What does it even mean, “do something with your life”? Leaving something behind so that future generations will remember you? Is that it? If so, why is it so important to matter to the world when you are already dead? Why not just enjoy life as it comes and when you’re dead, you’re dead? Perhaps when I’m old I will understand.

Oh, I forgot to mention, the film is funny as hell, especially towards the end. Most laughs come from the interaction between the opposites – Miles and Jack. Thomas Haden Church does something with his character that many lesser comedic actors wouldn’t or couldn’t. He adds vulnerability to Jack. Sure, he is a lying, inconsequential male slut, but we root for him anyway. He has a sort of childish innocence and naiveté that makes you forgive him. Also, unlike Miles, he is always trying to see the positive side in any situation, even if it means suggesting that his best friend could kill himself to become successful, though yet unpublished, just because it happened to the author of “A Confederacy of Dunces”.

As a final note, I have to mention the lesson Jack inadvertently teaches all womanizers: do your best not to lie to a girl when you are trying to get her in the sack. You might end up wanting more than just a one-night-stand. But then, you’ve already told her unforgiving lies about yourself, which she will eventually find out about. After that, you’re fucked.

Grade: O

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sexta-feira, 5 de agosto de 2011

OS SONHADORES (THE DREAMERS)

Ano de Produção: 2003
Diretor: Bernardo Bertolucci
Roteirista: Gilbert Adair

Atores Principais:

Michael Pitt – Matthew
Eva Green – Isabelle
Louis Garrel – Theo
Anna Chancellor – Mother
Robin Renucci – Father
Jean-Pierre Léaud – Himself (Ponta)

Sexo é um dos principais, se não o principal, aspectos da película, certamente um dos assuntos favoritos de Bertolucci. Aqui, o diretor italiano volta à claustrofobia de “O Último Tango em Paris” e mostra o sexo sem pudor em suas diversas dimensões, seja carnal, emocional ou política. E troca de fluidos, com certeza.

Fluidos. É a primeira palavra que me veio à mente depois de apreciar esse nostálgico filme. Mas, antes, é preciso dizer que Theo e Isabelle são irmãos gêmeos, siameses no nascimento. Os dois possuem uma marca idêntica na mesma posição do braço, presumidamente, resultado de separação cirúrgica. A amizade entre ambos é tão intensa, que transcende o conceito comum de amor fraternal. Matthew complementa o triângulo e, a partir daí, passam a compartilhar tudo. Embora não haja, de fato, sexo entre os irmãos (aquele tradicional com penetração), sua intimidade não tem fronteiras, tudo é permitido em sua cumplicidade. Todo esse “sharing” reflete a qualidade siamesa da relação entre Theo e Isabelle, agora estendida temporariamente a Matthew. Alguns dias se passam e os três já formam um verdadeiro amálgama, indissociável e invencível. Estranhamente, esse amálgama é mais bem ilustrado pelo constante compartilhamento de fluidos.

O primeiro se dá logo no início, quando os personagens ainda estão se conhecendo. Matthew está na casa de seus novos amigos. Ele precisa ir ao banheiro. Lá, já aclimatado na cultura parisiense, começa a mijar na pia. Nervoso, se atrapalha e esbarra numa escova de dente, que cai na pia cheia de água e urina. Matthew dá uma lavadinha nela só com água e deixa-a lá. No dia seguinte, Theo está usando a mesma escova e até a oferece emprestada a Matthew, que, lógico, nega e diz que prefere usar o dedo. Sangue, por exemplo. Matthew tira a virgindade de Isabelle e, tanto ele quanto Theo tocam o seu sangue virginal. Os três brincam de sexo o tempo todo. Isabelle perde a virgindade, porque ela não consegue adivinhar o filme do qual Theo faz uma mímica. Foi apenas o pagamento de uma prenda.

Uma cena marcante da película acontece quando os três tomam banho juntos na banheira e Isabelle menstrua. Ao perceberem o sangue menstrual se espalhar pela água, ninguém parece se importar. Eles curtem na verdade. Outra cena emblemática e belíssima mostra Matthew e Isabelle a sós no cinema, se beijando profundamente. É o que há de mais sensual no filme, pois é a única vez que ambos trocam carícias sem que isso seja parte de um jogo.

A única coisa que pode quebrar o encanto do amálgama é o mundo lá fora. Nenhum dos três conscientemente rejeita a realidade, mas, de maneira muito cômoda (os pais sempre deixam o checão em cima da mesa), se retiram dela, fisicamente – dentro de casa e da sala de cinema – e politicamente – o pau está comendo nas ruas de Paris de 68 e eles ficam discutindo cinema, marxismo, maoísmo, tudo de ponto de vista puramente teórico e ingênuo. E faziam amor. Muito. Mais do que sonhadores, os três protagonistas são verdadeiros hedonistas.

Pensando bem, todos nessa época eram sonhadores, especialmente os que se manifestavam nas ruas. É impressionante como éramos tão diferentes há apenas quarenta anos. Nos anos sessenta, era charmoso e sofisticado discutir as grandes questões, aquelas com inicial maiúscula – Beleza, Amor, Arte. O intelectual era uma figura de admiração, um exemplo a ser seguido, pois eram muito mais românticos em suas ambições. O intelectual de hoje é visto como um babaca tedioso, cheio de si, fechado no seu mundinho puramente acadêmico (em geral, com uma certa razão). É aquele que é vaiado numa conversa de bar quando menciona qualquer coisa que se assemelhe a uma idéia. Se mencionar algum escritor ou artista plástico então, é tachado de pedante na hora. No século XXI, as pessoas se reúnem unicamente para falar besteira, trivialidades, amenidades. Antes, experimentava-se o prazer, ou melhor, fruía-se a vida, os livros, filmes, música, uma boa conversa... Hoje, as pessoas buscam somente o Entretenimento no seu tempo livre, e o Entretenimento não permite discussão de idéias, não pode acrescentar nada. Ele mastiga tudo e vai direto ao ponto. O “ponto” nos é dado de mão beijada. Não há tempo a perder, dá muito trabalho pensar para chegar lá.

É triste constatar que nos transformamos numa sociedade tão pragmática, sem ideais, sem sonhos, sem sensualidade, sem “perda de tempo”. Faça um teste: toda vez que alguém ou algum meio de comunicação mencionar que algo é bom e depois explicar o porquê, substitua a palavra “bom” por “eficiente” e veja se encaixa.

Menção: F

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quinta-feira, 4 de agosto de 2011

OBRIGADO POR FUMAR (THANK YOU FOR SMOKING)

Ano de Produção: 2005
Diretor: Jason Reitman
Roteirista: Jason Reitman
Atores Principais:

Aaron Eckhart – Nick Naylor
Cameron Bright – Joey Naylor
J.K. Simmons – BR
Maria Bello – Polly Bailey
David Koechner – Bobby Jay Bliss
William H. Macy – Senator Finistirre
Katie Holmes – Heather Holloway
Sam Elliott – Marlboro Man
Robert Duvall – Captain

O filme trata essencialmente de uma questão, a meu ver, pouco discutida ultimamente: a habilidade de argumentação como instrumento de poder. Todo mundo fala do poder da informação, mas do que adianta ter informação privilegiada e não saber como usá-la? Nick Naylor é um expert em transformar simples dados da realidade em argumentos infalíveis. Certo e Errado, Moral e Imoral não têm lugar no seu processo criativo. Afinal, esse talento, como o próprio personagem diz em determinado momento, “paga a hipoteca”.
É a partir daí que vem a graça do filme. Ambientalistas, militantes, o Senador (principal antagonista), todos eventualmente ficam paralisados diante da eloqüência e da absoluta cara-de-pau de Nick, o lobista principal das grandes companhias de cigarro. Uma cena bem ilustrativa é logo a primeira: Nick é convidado a um programa de televisão para debater os males do fumo na população adolescente. Seus adversários são: mães militantes contra o fumo na adolescência, um representante do Senador e, conforme o que diz a plaquinha de identificação a sua frente, “Cancer Boy”, todo frágil e careca. O show começa e a platéia é tão hostil que uma das mulheres cospe em direção a Nick. No final, depois de um discurso brilhante, cuja eficiência deixa o representante do senador sem palavras, Cancer Boy já está apertando sua mão com um largo sorriso e a platéia está aplaudindo, cheia de admiração.

Só que tem um porém. O filho de Nick, Joey. Aparentemente, pai e filho têm uma relação espetacular. Apesar de morar com a mãe e seu padrasto, Joey adora o pai e vice-versa. Ambos fazem o típico do pai e filho no fim de semana e, além disso, Joey freqüentemente acompanha Nick em suas viagens de negócio. No entanto, como resultado dessa convivência e da observação de seu pai em serviço, sua moral está ficando gradativamente mais flexível.

Nick sabe disso, mas somente age nesse sentido depois de sofrer um hilário atentado contra a sua vida. O protagonista finalmente decide dar o exemplo a Joey e inclui um pouquinho do moralmente correto em seus atos. Muitos críticos meteram o pau nesse aspecto do filme, mas admito que não me incomodou muito. Pensando bem, eu concordo com o Nick depois de sua reviravolta. Ele pode muito bem usar seus talentos retóricos em favor de outras organizações menos “assassinas”.

Escolhi usar aspas acima, porque, apesar de considerar as multinacionais do cigarro um apêndice purulento do capitalismo (e as de fast-food também), os maiores responsáveis pelas mortes causadas pelo cigarro de nicotina são, acima de tudo, os usuários. Estamos acostumados demais a retirar a carga de responsabilidade sobre os nossos atos. Quem obriga o fumante a ir à padaria comprar um maço? Propaganda? Será mesmo? Pessoalmente, acho que o cigarro ainda prospera porque, ás vezes, é foda lidar com o livre arbítrio.
P.S.: Àqueles que nunca viram ou que desejam rever o filme, chamo atenção especial aos encontros dos “Mercadores da Morte”. Os três atores dão uma aula de timing cômico.

Menção: O

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segunda-feira, 1 de agosto de 2011

HANNA


Director: Joe Wright 
Year: 2011
Screenwriters: Seth Lochhead and David Farr

Main Cast:

Saoirse Ronan – Hanna
Eric Bana – Erik
Cate Blanchett – Marissa
Tom Hollander – Isaacs
Olivia Williams – Rachel
Jason Flemyng – Sebastian
Jessica Barden - Sophie

Taking into consideration all my friends and potential future readers who can’t read Portuguese, I have decided to write some reviews in English. As a matter of fact, the vast majority of my friends, either close or distant, speaks and reads English fluently. So, I guess it’s ok. I hope I don’t come across as a pretentious idiot.

Hanna is a very strange film. I still don’t know whether I like it or not. Yes, it’s hugely influenced by one my favorite movie franchises - The Bourne flicks. The fight scenes and the whole thing about the American government funding programs to create the perfect assassin are quite exhilarating elements though not exactly fresh news.

The catch in this one is that the perfect and infallible soldier is a skinny twelve-year-old girl. She looks fittingly otherworldly, aloof, almost non-human. Her hair and eyebrows are blond to the point of being nearly white. She interested me as a character because of her fiery and passionate behavior. She can be sweet, tender, even loving to the people she cares about, especially her father and her newly-acquired best friend, Sophie, a rather typical type of teenage-female-chav girl from the UK. Even though they share the best, most touching scene in the movie, inside a camping tent, no doubt Sophie’s character doesn’t go much further than just being the comic relief. However, if you stand in her way, Hanna can break your neck as if it were a twig. Her mission in life is to revenge her murdered mother and kill her nemesis, Cate Blanchett.

Now, in order to thoroughly enjoy this movie, one has to resort to a lot of suspension of disbelief. Honestly, it was too much for me. The action scenes are well-crafted, the music is great – electronic, like the one in “Run Lola Run” – the editing is appropriately quick, but one really must make a huge effort to get into the film’s universe and believe that this little girl can throw an arrow not using a bow, but a piece of string or shoe laces or whatever it was and kill one of her foes.

Actually, this is a quite hard review to make because I don’t understand the point of this film, other than providing entertainment. I have to confess that I didn’t notice any underlying message. In a simplistic way, I could easily summarize the film: Saoirse and Cate chasing and, at the same time, running away from each other until they meet in the end and have their final confrontation. So what? There are a few surprising discoveries about Hanna’s origin throughout the movie, but nothing with real impact.

Hanna reminds me of another Bourne-type movie made recently: “Unknown”, starring Liam Neeson. This one also had a slightly different perspective on the subject: Middle-aged Bourne who is a good guy now because, after a car accident, only remembers the character he'd invented to crash into a party and kill a VIP. Upon watching that movie, I had the same feeling of disappointment. It was just a spin-off. I think it proves that, even if a film has the same interesting and effective elements of another successful movie, it can still be flop. A great film needs a soul, something that makes it unique, even the “action-packed” ones.

Grade: M

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