sexta-feira, 26 de agosto de 2011

SUCKER PUNCH – MUNDO SURREAL

Ano de Produção: 2011
Diretor: Zack Snyder
Roteiristas: Zack Snyder e Steve Shibuya

Atores Principais:

Emily Browning – Baby Doll
Abbie Cornish – Sweet Pea
Jena Malone – Rocket
Vanessa Hudgens – Blondie
Jamie Chung – Amber
Oscar Isaac – Blue
Carla Gugino – Dra. Vera Gorski
Scott Glenn – Wise Man

O segredo de assistir “Sucker Punch” e se divertir pelo menos um pouquinho é apertar o botão play sem nenhuma expectativa. Eu havia lido tantas críticas negativas a seu respeito que até considerei nunca ver esse filme. Decidi, mesmo assim, dar uma chance ao Zack Snyder que, até então, não tinha feito nenhuma bomba. Nessas condições, e já sabendo que o filme foi pensado para o público adolescente, até que achei divertidinho.

As qualidades do filme se concentram em sua maior parte no seu visual, que, admito, é fantástico. As cenas de combate, por exemplo, são belíssimas. Produto da imaginação de uma menina de 20 anos, temos de tudo – samurais gigantes, robôs, nazistas, aviões bimotores, trens, dragões, castelos, desertos, neve, orcs (os monstros-soldados de Senhor dos Anéis); enfim, todos esses aspectos cenográficos são muito bem elaborados e bem utilizados. De fato, é muito empolgante ver meninas lindinhas, gracinhas, vestidas com lingerie de cabaré mandando bala e cortando cabeças com espadas indestrutíveis, especialmente para o jovem espectador, com os hormônios a toda. Surpreendentemente, apesar de toda essa mistura hiperbólica de elementos pop da modernidade, a história apresenta um mínimo de coerência, ou seja, o filme não é uma completa bagunça, mas se aproxima perigosamente do caos e da hiperatividade – características típicas do seu público-alvo.

No entanto, “Sucker Punch” é repleto de contradições. Listo-as:

A protagonista, uma jovem menina que acaba de perder a mãe e a irmã, sofre tentativa de estupro pelo padrasto e é internada num hospício do inferno. Como fuga de sua situação aterrorizante, ela vive o seguinte cenário em sua imaginação: o sanatório é um bordel, o psiquiatra responsável é o cafetão, a médica-assistente é a puta velha e maternal e ela e suas colegas são as “vedetes”, as dançarinas “exóticas”. As danças talvez representem as sessões terapêuticas, pois é como se os pacientes (dançarinas/stripteasers) estivessem se expondo aos seus analistas (cafetões e clientes). Todas as figuras masculinas são baixas, repelentes, execráveis. O cafetão, o cozinheiro, o prefeito, todos sádicos e pervertidos. Por isso, as meninas odeiam cada segundo de seus dias. Aí vem a pergunta: por que, em sua imaginação, onde tudo é possível, ela simplesmente substitui um ambiente terrível por outro, análogo?

A única possível resposta que me vem à mente seria: porque um bordel é o cenário perfeito para vestir as meninas de lingerie, fazê-las dançar, seduzir e, assim, tornar o filme mais sexy. O problema é que essa justificativa não faz sentido, porque “Sucker Punch” NÃO é sexy, nem para garotinhos de treze anos. Primeiro, porque não há cenas de sexo, de nudez e tampouco de dança erótica. O diretor ficou com medinho dessa vez. Pau azul em “Watchmen” pode, mas nem um peitinho sequer aparece em “Sucker Punch”, nem de relance. Segundo, a não ser para os sádicos, como é possível ter tesão de mulheres que são maltratadas, abusadas e até assassinadas o filme inteiro? O único papel dos homens nesse filme é infligir dor às mulheres. Como se sente tesão assim? Baby Doll, a protagonista, odeia tanto a sua situação que, quando dança, ela precisa fugir para outro nível de sua imaginação, no qual se desenrola todas as batalhas do filme (contra os samurais, orcs, dragões, etc.). Dançar sexy é na verdade uma luta interior, não para seduzir o homem, mas para destruí-lo.

O final é horroroso. O filme muda para um tom sério, melodramático e deixa vários pontos da história não resolvidos. O foco muda para um personagem secundário, do qual conhecemos muito pouco. Aliás, honestamente, conhecemos pouco de todos os personagens, inclusive a protagonista. São apenas diagramas simples do que é um ser humano.

Sejamos justos, Zack Snyder escapou por pouco de ter feito uma bomba total dessa vez. Ok, a película é impressionante visualmente, toda a ação se desenrola com base numa linha mestra de coesão – a fuga do hospício – mas tais qualidades não compensam as distorções do roteiro e seus personagens de papelão. Só espero que Zack Snyder não acabe se transformando no novo Shyamalan. Aguardo o seu próximo filme com um certo pé atrás.

Menção: M

Link no imdb.

2 comentários:

  1. Engraçado, eu jurava que eu havia deixado um comentário para este filme. Acho que estou meio louca-alucinda esses dias, só pode! Anyway, eu disse que o roteiro pseudo-trash havia despertado minha curiosidade de tal forma que resolvi baixar o filme. Fico devendo um feedback.

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